Rozès


A noite de 1 de março foi de festa para a Rozès, com o nosso Enólogo Manuel Henrique Silva a ser distinguido com o prémio de Melhor Enólogo de Vinhos Generosos 2023, na prestigiada cerimónia de entrega dos Prémios Grandes Escolhas. A consagração não ficou por aqui, com o nosso DOP Porto Dom Rozès 50 anos a figurar entre os 30 melhores do ano, um feito notável, que demonstra a excelência da produção da empresa.

Considerados a referência máxima do setor em Portugal, os Prémios Grandes Escolhas celebram anualmente o que de melhor se faz no mundo dos vinhos e da gastronomia. A cerimónia de gala, que este ano regressou ao Centro de Congresso do Estoril, reuniu centenas de convidados para homenagear os profissionais e produtos que mais se destacaram em 2023.

Para a Rozès, este duplo reconhecimento é motivo de grande orgulho e um reflexo do trabalho árduo e da dedicação de toda a equipa. O prémio de Melhor Enólogo de Vinhos Generosos a Manuel Henrique Silva sublinha a sua mestria e talento na produção de vinhos fortificados, enquanto à presença do DOP Porto Dom Rozès 50 Anos no TOP 30 dos Melhores do Ano comprova a qualidade superior e o caráter inovador da empresa.

Numa conversa exclusiva, Manuel Henrique Silva, compartilhou a sua trajetória, revelou os desafios e as inspirações por do seu vinho premiado.

 


1.      Começou o seu discurso por referir o seu orgulho em pertencer à Classe de 84 do curso de Enologia da Universidade de Trás dos Montes e Alto Douro. Pergunto, porquê que o Manuel Henrique de 18 anos escolheu Enologia?

Após concluir o 12º ano, o meu plano era prosseguir os estudos em Engenharia Agrícola, mas a minha média desse ano não foi suficiente para ser admitido. No entanto, surgiu no Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro (IUTAD) um curso denominado "Curso Superior de Enologia", ao qual me candidatei e fui aceite.

Apesar de frequentar esse curso, continuei a assistir às aulas do 12º ano e a fazer exames nacionais para melhorar a minha média de candidatura e tentar novamente a Engenharia Agrícola. Acabei por ser admitido, mas após completar o primeiro ano, tomei uma decisão rápida. Em vez de continuar em Engenharia Agrícola, optei por prosseguir com o curso de Enologia. Percebi que este curso me proporcionava uma formação adequada para a criação, algo que sempre tive interesse, já que tinha o hábito de investigar e experimentar diferentes aromas em casa.

Assim, concluí que o curso de Enologia me permitiria desenvolver essa habilidade natural e explorá-la ao máximo. Embora não tenha sido a minha primeira escolha, considero que foi a melhor decisão.


2.      Como é que se tornou um enólogo de vinhos generosos?

Após a minha formação, que decorreu no Instituto e posteriormente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, o meu objetivo inicial era integrar as equipas das grandes empresas de Vinho do Porto. Todos os estágios que realizei durante a minha formação foram em empresas desta área, o que contribuiu para a minha especialização em Vinho do Porto. No entanto, ao longo da minha trajetória profissional, tive experiência em outras regiões, produzindo vinhos tranquilos, antes de regressar ao Douro.

Desde 1994, permaneço nesta região, dedicando-me à produção de vinhos do Porto e do Douro


3.      Quais são os seus maiores desafios como enólogo?

Os meus principais desafios consistem em manter um trabalho contínuo na busca pela melhoria, inovação e sustentabilidade da qualidade que a Rozès representa atualmente. Um dos meus objetivos pessoais é, eventualmente, poder partilhar e transmitir às gerações futuras a minha experiência, combinando-a com os conhecimentos técnicos adquiridos ao longo da minha formação, em colaboração com os professores dos cursos de Licenciatura e Mestrado de Enologia.


4.      Para além deste prémio, quais são as suais maiores conquistas como enólogo?

A minha maior conquista, em termos de carreira, é a Rozès e o seu significado atual. Esta conquista reflete-se tanto a nível técnico como qualitativo, bem como na sua importância e relevância, tanto a nível nacional como internacional no mundo dos vinhos. Sinto-me orgulhoso por ter acompanhado toda esta evolução e transformação, desde as vinhas até às instalações de vinificação, engarrafamento e envelhecimento. Partilhar esta jornada com os nossos clientes, mostrando quem somos, o que produzimos e como o fazemos, contribuiu para elevar a Rozès ao seu patamar atual.

 

5.      Das suas mãos saiu o Dom Rozès 50 anos, o vinho que ganhou a distinção no TOP 30 Melhores Vinhos de 2023. Qual a história por detrás do vinho premiado?

Com a reorganização institucional do IVDP, surgiram novas designações e menções para o vinho do Porto, incluindo indicações de idade como 50 Anos, Very Old e Very Very Old, e o desaparecimento da indicação +40 Anos. Era evidente que estas novas menções teriam de constar no nosso portefólio. Gostaria de realçar, com humildade, o papel crucial da equipa, especialmente do Eng.º Luciano Madureira e da Engª Jorgina Quintela, no desenvolvimento do Dom Rozès 50 Anos. A sua contribuição na busca pelo blend ideal, que não só refletisse a qualidade institucional, mas também definisse o nosso estilo, foi fundamental. Este vinho representa o nosso talento e o nosso savoir-faire, uma vez que a Rozès já estabeleceu uma excelência de altíssima qualidade nos seus tawnys. Foi verdadeiramente um trabalho de equipa, e hoje estamos extremamente felizes e orgulhosos do resultado alcançado.

 

6.      O que o torna único em comparação com outros vinhos generosos?

É, em primeiro lugar, um legado das gerações anteriores, que nos possibilita entender esses vinhos quando "falam" connosco, e nós os compreendemos. Uma vez na garrafa, esse entendimento define a nossa conexão com eles. Penso que é um vinho de caráter personalizado, com um estilo muito próprio, o que nos distingue.

 

7.      Qual é a sua harmonização preferida com o vinho premiado?

Quando abordamos vinhos deste calibre, costumo afirmar que a melhor harmonização para o Dom Rozès Tawny 50 anos é o próprio vinho. Isto porque ele evoca diferentes sentimentos e sensações para quem o prova e degusta. Por isso, deixemos que cada pessoa crie a sua própria harmonia, mesmo que seja apenas apreciando-o.

 

8.      Quais são os principais desafios da produção de vinhos generosos, no Douro?

É inegável e reconhecido que as alterações climáticas representam um grande desafio para a viticultura, e o Douro não escapa a esta realidade. A cada colheita, sentimos cada vez mais o impacto desta dimensão.

No entanto, apesar dos obstáculos, mostramos resiliência. Hoje em dia, as instituições, organizações e até mesmo o Estado estão conscientes dessas mudanças. Estão a ser realizados estudos, ensaios e experimentações para garantir que, no futuro, a viticultura, tanto em geral como no Douro em particular, seja sustentável. O objetivo é produzir uvas sustentáveis, de forma a que os vinhos, especialmente os vinhos do Porto, mantenham a sua identidade e qualidade mesmo após a vinificação.

 

9.      Qual a sua opinião sobre o estado atual da indústria dos vinhos generosos?

Atualmente, embora não seja um produto de primeira necessidade, acredito firmemente que os consumidores continuarão a adquirir vinho do Porto, pois é verdadeiramente único. Neste contexto, a promoção e o turismo desempenham um papel crucial. Através de uma garrafa de vinho do Porto, não apenas apresentamos um produto, mas também uma região, uma paisagem singular e extraordinária. A degustação e a aquisição de um Porto tornam-se uma condição obrigatória para quem deseja conhecer verdadeiramente a paisagem. Essa simbiose entre promoção e turismo deve ser aproveitada para valorizar ainda mais este produto tão especial.

 

10.   Dizem que não há preferidos, mas deixe-me perguntar-lhe, do vosso catálogo, qual é o seu vinho preferido?

Todos os vinhos do nosso portfólio, são o fruto do nosso trabalho e afeição, mas não é inegável a minha preferência pelos Tawny’s.

 

11.   Por fim, que conselhos daria a um jovem enólogo em início de carreira?

Após completar a sua formação, é fundamental enfrentar a vida profissional com humildade, responsabilidade e, especialmente, saber ouvir.

 

A Rozès congratula-se com todos os vencedores e nomeados dos Prémios Grandes Escolhas 2023 e reforça o seu compromisso em continuar a contribuir para a excelência e a inovação do setor dos vinhos em Portugal!

Para aqueles que não conseguiram estar presentes na cerimónia de gala, convidámo-lo a assistir à transmissão online que estará, em breve, disponível no site da revista Grandes Escolhas.

Brindemos!

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