Rozès

Na vila de Freixo de Espada à Cinta, o Patitas, um pintainho, contava os dias para nascer. Sonhava em ver o Sol e caminhar e sentir o calor nas penas pequeninas. Quando nasceu, viu-se sozinho... não sabia onde estava a mãe.

Ao início ficou confuso, pois ouvia a sua voz de vez em quando, quando estava dentro daquela prisão de ovo. Depois, ficou triste, porque estava muito feliz por ter nascido e, por fim, ficou determinado. Ia à procura dela.

Arrumou tudo, respirou fundo e deu os primeiros passos, naquela que ia ser a jornada da sua vida. Ninguém diria que a sua vida só tinha começado agora!

Caminhou e caminhou.

Ao longe, viu esboços escuros no seu caminho e, com medo, abrandou o passo e aproximou-se. Depois de muita atenção a averiguar o que seriam aquelas coisas verdes no meio do chão e, não chegando a nenhuma conclusão, o Patitas determinou que aquilo era seguro e decidiu levar consigo, pois não sabia o que o futuro lhe reservava.

Pouco depois, uma humana começou a proferir uns sons estranhos, que ele demorou algum tempo a perceber que se tratavam de uma explicação de como ele podia escrever naquelas folhas. Interessante.

Assim fez o Patitas. Começou a escrever sobre as suas aventuras, pois ficou tão maravilhado com a comida que encontrou e as tradições da Páscoa de cada região, que queria contar tudo à sua mãe, quando a encontrasse.

A Rozès cruzou-se com o Patitas, leu o seu caderninho e ficou, também, fascinada com a aventura dele, de tal modo que vem partilhar com o leitor as tradições de Páscoa descritas pelo nosso protagonista!

 

Trás dos Montes

Em Freixo de Espada à Cinta, vive-se a tradição dos “sete passos”. Em plena escuridão e ao soarem as badaladas da meia-noite, dois homens encapuçados de negro arrastam pela calçada correntes de ferro, num ritual que prossegue com uma "velhinha" coberta por um negro manto e capuz, que transporta numa mão uma lamparina de azeite, um cajado e bota de vinho.

Na aldeia de Espinhoso, ao meio dia toca o sino e as pessoas param por completo de trabalhar mal ouvem soar a primeira badalada e, com exceção dos mínimos afazeres domésticos, ninguém trabalha na aldeia até sábado à mesma hora.

 

Braga

Em Braga, na região Norte, a imagem de Nossa Senhora é é transportada por uma burrinha, na Procissão da Burrinha. A cidade fica toda enfeitada com flores, luzes, incensos, motivos alusivos à quadra e faixas roxas.

Na sexta-feira Santa é feita a Procissão do Enterro do Senhor, cujos protagonistas são irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades. Todos ficam de cabeça coberta em sinal de luto. Essa é a procissão mais solene, pois carrega o esquife (pequeno barco) do Senhor morto.



Beiras

Nas Beiras subsiste a tradição do "enterro do bacalhau", ritual que consiste em escoltar um "bacalhau enorme feito de cartão por militares, o qual, por sua vez, é julgado perante carrascos, juízes e advogados. O castigo a incidir sobre o bacalhau simboliza a libertação dos constrangimentos da Quaresma, que não permitia o consumo de carne.

 

Alentejo

Em Castelo de Vide, no Alentejo, além das procissões da Páscoa em Portugal, a população acompanha a Benção dos Borregos, que ocorre no Sábado de Aleluia. Essa bênção era realizada antigamente para proteger a fartura dos criadores de gado, e hoje ainda simboliza o espírito de convivência entre os diferentes povos e culturas.

Antes desse evento no sábado de aleluia, acontecem a Bênção dos Ramos e a Procissão dos Passos do Senhor, no domingo de ramos. Já na quinta-feira santa é feita a Missada Ceia do Senhor. Na sexta-feira santa celebra-se a missa da Paixão do Senhor, e ao fim da tarde é feita a Procissão do Enterro do Senhor, como em Braga.

Depois, outro rito tradicional é a Chocalhada, que ocorre à noite, quando as pessoas de reúnem no Lageado com chocalhos para emitir um ruído característico que serve de oração durante o Cortejo de Aleluia.

 

Algarve

Em São Brás de Alportel, no Algarve, o o domingo de Páscoa em Portugal é marcado pela Procissão de Aleluia, em honra à ressurreição de Cristo. Os homens (e meninos) fazem duas filas paralelas nas laterais do tapete decorado ao centro da rua, e carregam tochas de flores coloridas nas mãos.

 

 

Não fazíamos ideia de que existiam tantas tradições (e tão ricas) no nosso país. Qual é a tradição de Páscoa que se realiza na sua localidade?

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